Pandemia

Começa pesquisa sobre a prevalência da Covid-19

A quinta e a sexta-feira foram marcadas pelo treinamento dos envolvidos; estudo responderá questões como o percentual de infectados

A tarde desta quinta-feira (9) foi de treinamento para os 27 supervisores da pesquisa liderada pelo Centro de Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que irá avaliar a prevalência do novo coronavírus no Rio Grande do Sul. Os profissionais, em sua maioria da área das ciências sociais, deslocaram-se na madrugada de sexta-feira para as oito regiões em que o estudo será aplicado, antes deles, todos os kits de testes foram enviados aos municípios que participarão da pesquisa. Neste sábado acontecerá a primeira saída de campo.

Na oportunidade, o reitor e coordenador geral do projeto, Pedro Hallal, informou que as equipes estarão nas ruas com o objetivo de responder três perguntas: o percentual de infectados no Estado, a velocidade com que o vírus tem se espalhado e a letalidade da Covid-19. O estudo deverá servir de base para a tomada de decisões no combate da doença, como por exemplo a restrição ou flexibilização do isolamento social e a criação de hospitais de campanha. “É uma pesquisa que salvará vidas, pois fará com que prefeitos e governador tomem decisões mais seguras”, frisou Hallal. Orgulhoso com o projeto inédito, ele afirma que há anos a UFPel já é protagonista em pesquisas de saúde pública, mas agora, com certeza, é o momento mais aparente para a sociedade. A logística das saídas de campo, em Pelotas, e o treinamento dos supervisores terão coordenação do Instituto de Pesquisas e Opinião (IPO). A diretora do local, Elis Radmann, explica que os 27 treinados ficarão todo tempo nas cidades em que irão atuar e serão responsáveis pelo treinamento técnico das entrevistas e pelo envio do protocolo de biossegurança aos estudantes e profissionais de saúde que realizarão o trabalho de campo.

Os entrevistadores serão os responsáveis por validar os testes positivos, pois através de uma foto anexada no sistema o supervisor já encaminhará o resultado para a Secretaria de Saúde. Na sexta-feira os 25 entrevistadores de Pelotas serão treinados pelos supervisores responsáveis pelo município.

Um desses 27 profissionais é Gisele Lourenço, 26. A enfermeira já tem vínculo com o IPO como entrevistadora de campo há muitos anos, então, recebeu o convite para participar, dessa vez, como supervisora. O destino será Passo Fundo. A expectativa, segundo ela, é das melhores, mas garante que o momento exige muita cautela e prevenção. Ela será umas das responsáveis pelos 25 entrevistadores do município do Norte gaúcho e enxerga o estudo como essencial para a adoção das próximas medidas de saúde pública, visto que existe uma base científica e os protocolos de biossegurança serão todos seguidos. “Penso que precisaremos ter muitos cuidados. Uma pesquisa importante com muitas pessoas envolvidas”, completou.

Todos os profissionais comprometidos com o projeto foram testados e todos os rituais de prevenção recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) estão sendo seguidos pelos supervisores e entrevistadores e as medidas adotadas com os entrevistados não serão diferentes. O profissional que estará no campo carregará todos os equipamentos de proteção, além dos testes e de uma lixeira especial para descartar o material após a realização da coleta. A testagem será feita e em seguida o entrevistado responderá o questionário, nesse meio tempo já será possível saber o resultado. Caso seja positivo, todos os moradores da casa serão testados. O primeiro teste rápido foi realizado no reitor, com a intenção de demonstrar como funcionará a prática. Depois do sangue coletado, através de uma lanceta, as gotas de reagente foram colocadas e o resultado, representado por um “risquinho”, foi negativo.

Relembre

O estudo populacional liderado pelo Centro de Epidemiologia será desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Ao que tudo indica, deverá ganhar adesão de pesquisadores de instituições como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) na fase de interpretação de dados.

Ao todo, 18 mil moradias serão visitadas no Estado, escolhidas de forma aleatória e com embasamento científico que segue critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS). As residências estarão localizadas em oito regiões definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): Porto Alegre e região metropolitana, Pelotas, Santa Maria, Uruguaiana, Ijuí, Passo Fundo, Caxias e Santa Cruz do Sul/Lajeado.

As quatro rodadas de saída de campo ocorrerão em um intervalo total de 45 dias, para permitir a análise da evolução quinzenal da prevalência de infectados no Rio Grande do Sul. O Ministério da Saúde já confirmou que quer replicar o estudo para todo o país. Uma oportunidade de ter a dimensão do cenário. E o mais interessante: o levantamento também permitirá conhecer o perfil de quem tem contraído a doença no Brasil, com dados sobre sexo, idade e nível socioeconômico.

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